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Bullying também mata

Precisamos falar sobre bullying. O tema não é novo mas ele não pode ser esquecido. Os casos retratados pela mídia representam a pequena parcela de uma realidade muito mais ampla, que permanece invisível.

Artigo publicado no jornal O Popular em 5 de abril de 2024

INTERNO

Em 7 de abril de 2011, doze crianças da Escola Tasso de Oliveira, no Rio de Janeiro, foram mortas por um ex-aluno. Em carta, o autor das mortes declarou ter sido vítima de bullying na mesma escola. Esse triste episódio ficou conhecido como o Massacre de Realengo.

Segundo a lei que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, bullying é todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitiva com o objetivo de intimidar, humilhar ou agredir, causando dor e angústia à vítima.

O Massacre de Realengo – cuja data se tornou oficial como o Dia Nacional de Combate ao Bullying – e ataques em 2023 a duas escolas (SP e MG) praticados por estudantes vítimas de bullying mostram a urgência de se tratar o assunto também como uma questão de saúde.

O Dia Nacional de Combate ao Bullying serve para lembrar educadores, pais, governantes e a sociedade em geral sobre a importância de prevenir e combater esse comportamento nocivo.

Um dos principais desafios é a identificação precoce e eficaz dessas situações. Muitas vezes, as vítimas não relatam os incidentes por medo de represálias, enquanto os agressores conseguem esconder suas ações. E o bullying pode perpetuar, especialmente se a hierarquia entre os alunos não for bem gerenciada ou se houver tolerância implícita de comportamentos agressivos.

A falta de recursos e capacitação adequada para os profissionais da educação também é um obstáculo significativo. Ainda faltam programas estruturados de prevenção e intervenção, bem como de apoio psicológico para as vítimas e agressores.

O bullying extrapola o ambiente escolar: também pode ocorrer no local de trabalho. Nesse contexto, o comportamento intimidador, humilhante ou abusivo pode ser praticado por colegas de trabalho ou superiores hierárquicos.

Assim como no ambiente escolar, o bullying corporativo pode ter sérias consequências para a saúde mental dos funcionários, levando a quadros de estresse crônico, ansiedade, depressão e até mesmo síndrome de burnout, afetando tanto o desempenho profissional quanto a qualidade de vida.

Os impactos do bullying são profundos e duradouros. As vítimas frequentemente experimentam sentimentos de isolamento, baixa autoestima e desesperança. Muitas desenvolvem quadros que podem persistir ao longo da vida adulta se não forem devidamente tratados.

O bullying pode contribuir também para o surgimento de transtornos alimentares, abuso de substâncias e até mesmo pensamentos suicidas. O trauma psicológico causado pode deixar cicatrizes emocionais profundas que requerem apoio profissional para serem superadas.

Por isso, o Dia Nacional de Combate ao Bullying é vital para o diálogo sobre esse problema e promover ações concretas para combatê-lo. É crucial que todos os setores da sociedade se unam para criar ambientes seguros e inclusivos, livres do medo, da intimidação e da violência, tanto nas escolas quanto nos locais de trabalho.

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