Vire a chave – a saúde do homem
O segredo para uma vida longa e saudável está no cuidado e prevenção. Neste Novembro Azul, o câncer de próstata volta ao foco, assim como a saúde masculina. Descubra como combater esse mal.
Artigo publicado no Jornal O Popular em 30 de novembro de 2023.

Estamos em mais um importante mês destinado à prevenção de doenças e em prol da saúde, e o Novembro Azul diz respeito à conscientização sobre o câncer de próstata (CaP). Conforme o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em homens, o CaP fica atrás apenas do câncer de pele não melanoma, com 72 mil novos casos a cada ano, sendo a segunda causa de óbito por câncer. Prova disso é que um homem morre a cada meia hora por CaP, e apenas em 2021 tivemos 16 mil óbitos pela doença no Brasil. Apesar de estarmos no final do mês, e consequentemente, dessa campanha, não podemos deixar que a conscientização tenha um prazo de validade. Ela deve ser contínua para apresentar resultados.
A grandeza dos dados expostos e os aspectos culturais mostram uma realidade em que os preconceitos e estigmas associados ao cuidado masculino ainda são significantes. Não é novidade que, culturalmente, os homens têm uma relutância em buscar ajuda médica. Para se ter uma ideia, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 50% dos homens nunca se consultaram com um urologista.
Nesse sentido, acredito ser essencial reforçar a importância do contato médico-paciente para os homens. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o câncer de próstata diagnosticado precocemente (em fase inicial) apresenta 90% de chance de cura, enquanto, se diagnosticado com metástase (estágio em que o câncer já atingiu outros órgãos) 70% dos homens vão morrer pela doença.
O rastreamento, por meio de exames como o de toque retal e o exame de sangue Antígeno Prostático Específico (PSA), tem sido, por sua vez, motivo de controvérsias. Instituições como o Ministério da Saúde e o INCA contraindicam o rastreamento devido à preocupação com os recursos terapêuticos desnecessários e com os efeitos colaterais. Na mesma linha, em 2012, a Força-tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF) também fez uma recomendação relativa ao não rastreamento. No entanto, em 2018, a USPSTF voltou atrás em sua recomendação, baseando-se no aumento de diagnósticos em fase metastática em razão da falta de acompanhamento. Entendo, então, que, ao pesar esses fatores, fica evidente que as chances de um tratamento bem-sucedido, através de um rastreamento individualizado, são maximizadas.
Ademais, gostaria de chamar a atenção para o fato de que todo o processo saúde-doença deve ser levado em consideração. Essa reflexão, ou talvez um conselho de um urologista, pode servir para qualquer pessoa, mas, especificamente, para os homens, já que somos o foco da vez. A saúde e a doença são componentes integrados de um processo multidimensional por englobar, entre outras, as dimensões biológicas, psicológicas e socioculturais, ou seja, todas essas variáveis têm o seu valor.
De forma prática, a rotina e os hábitos de vida influenciam diretamente nesse cenário. Realizar atividades físicas, como uma ‘’simples’’ caminhada, optar por alimentos saudáveis como evitar o consumo de álcool, manter um bom convívio familiar e social nos momentos de lazer e manter o cuidado com o sono – visando controlar os níveis de estresse - são exemplos que condicionam um bem-estar e que devem ser hábitos durante a vida.
Portanto, a prevenção, pregada pelo Novembro Azul, aliada à uma virada de chave no cuidado com a saúde do homem em todos os seus níveis de complexidade, pode parecer simples a princípio, mas o estado de completo bem-estar físico, mental e social demanda força de vontade. A iniciativa pela conquista dessa qualidade de vida e o apoio do médico são fatores que, como foi provado, podem garantir uma maior e melhor expectativa de vida.